O nome Habacuque significa “abraço”. Ele
profetizou para Judá, reino do sul, emitiu profecias a respeito da iminente
invasão dos babilônios (caldeus).
Habacuque não era como os outros profetas. Os
outros profetas exerceram seu ministério trazendo mensagens de Deus para a
humanidade; entretanto Habacuque se limitava a dirigir-se a Deus e a meditar
acerca dos enigmas profundos da vida, enquanto se defrontava com duas terríveis
realidades: a degeneração de sua própria nação e a certeza de que ela estava a
ponto de ser destruída por outra nação ainda pior.
Deus faz o profeta entender que aos fiéis não é
difícil compreender as coisas em sua volta.
Contexto
Habacuque exerceu seu ministério em uma época
de crise. Comparando os contextos da referência 1.2-4 com 2 Reis 21.22, podemos
posicionar seu ministério no período do rei Jeoiaquim, entre 612 e 600.
O profeta abordou o período da opressão babilônica, quando os babilônios
se apoderaram do império assírio e dessa forma os judeus, outrora subjugados
pela Assíria, ficaram sob o domínio da Babilônia. O jugo dessa nova opressão não
era menor do que a anterior.
As dificuldades internas no reino de Judá eram
gravíssimas. O profeta vê isso, medita nesta situação e interroga-se sobre o
futuro do seus contemporâneos. Discute o problema do mal, talvez um dos assuntos
mais difíceis com o qual a teologia tem de lidar. E Deus faz-lhe ver que não é
difícil compreender para quem se mantém fiel.
O
livro
Alguns biblistas afirmam que o livro foi
compilado em 607 ou 606 a.C.
O livro de Habacuque é resultado da
introspecção e observação do profeta. Ele observava seus contemporâneos
cometendo iniquidades e se sentia frustrado e confuso e em oração dizia a Deus
quais eram os seus sentimentos de incompreensão. Em geral, eram coisas como:
“Deus às vezes o Senhor simplesmente não faz sentido!”.
Ao testemunhar a violência, a injustiça e
maldade em seu próprio país, em seu coração o profeta se perguntava a razão de
Deus não intervir, questionava para si mesmo porque Deus não respondia quando
ele clamava pedindo providências. Então, levou seus dilemas internos diretamente
a Deus. Em oração, perguntava o motivo de um Deus tão bom não interferir ou
demorar a intervir. E clamava pela justiça divina diante de tanta
iniquidade.
A resposta do Senhor causou perplexidade ao
profeta. Deus informou a ele que os babilônios deixariam Judá em pedaços. Ele
não esperava que Deus dissesse que permitiria a opressão dos babilônios sobre
Judá como uma maneira de punir os judeus violentos, injustos e maldosos. Ao
tomar ciência da crueldade com que a Babilônia era capaz de tratar Judá, o
profeta se revoltou. Então volta-se aos questionamentos queixosos: poderia ser
considerada justiça permitir que Judá recebesse castigo por meio de uma nação
mais malvada que ela? Como pode um Deus justo permitir, e até fazer uso de um
mal assim? Não sabemos quanto tempo Habacuque esperou pela resposta de Deus, mas
a resposta foi dada a ele.
Para aprofundar plenamente as perguntas de
Habacuque, convém ao estudante das Escrituras aprofundar-se no livro de Jó e no
Salmo 73, conteúdos bíblicos que exploram temas semelhantes.
Ao ler o livro tente imaginar as transformações
emocionais que o profeta experimentou ao falar com Deus.
Os dois
primeiros capítulos contêm as perguntas do profeta e a resposta de Deus, que se
resume fundamentalmente nisto: Deus age com justiça; é Ele quem domina o mar, a
terra e as nações, é capaz de socorrer e salvar o seu povo.
O justo viverá da fé...” (2.4; Romanos 1.17;
Gálatas 3.11; Hebreus 10.38). A declaração na referência 2.4 pode ser
considerada uma das mais importantes da história eclesiástica. Citada pelo
apóstolo Paulo em sua carta aos crentes de Roma, o texto viria a se tornar o
grande lema da Reforma Protestante, ocorrida no século 16, o alicerce à apologia
da vida cristã.
Habacuque 2.4 é a única citação da palavra “fé”
em todo o Antigo Testamento. A passagem confirma a inspiração divina e
canonicidade do livro, por ser citada três vezes no Novo Testamento.
As referências neotestamentárias à Habacuque
2.4 são os mais expressivos textos que confrontam a salvação pela graça e a
salvação pela lei.
O livro ainda se ocupa em repreender a
idolatria, apontando as “respostas” dos pedidos feitos aos ídolos como uma
manifestação do espírito do engano.
O Salmo de
Habacuque
No terceiro capítulo, temos uma das mais belas
expressões do amor incondicional a Deus , é a melhor explicação sobre a relação
de Deus com o mal existente no mundo. Trata-se da resposta de Deus a Habacuque,
que diluiu os dilemas que havia no coração dele.
O capítulo 3 é o
desfecho do livro, é composto por um dos mais famosos cânticos da Bíblia
Sagrada.
Encontramos um Salmo alegre, uma teofania.
Habacuque vê a poderosa glória do Senhor, e seu coração se comove. O que ele viu
mudou sua disposição de queixa para alegria. E passa a descrever Deus em ação
vencendo os ímpios e toda impiedade. A manifestação do Senhor é inspirada em sua
presença majestosa no Monte Sinai (Êxodo 19).
Habacuque 3.19 parece indicar a associação do
autor com a música, o que dá a entender que, talvez, ele fosse um levita.
Lições em
Habacuque: semeadura e colheita
Deus mostrou para Habacuque duas coisas
seguras. Primeira: os babilônios violentos e orgulhosos seriam destruídos com as
mesmas armas que haviam usado contra outros povos, assim como destruíram nações
inteiras, também eles seriam destruídos. O mal pode até dominar sobre a terra,
mas ela não tem força permanente (2.13). A segunda certeza era o caráter de
Deus. Ele permanece em silêncio durante determinado tempo, mas nunca para sempre
(2.14).
O livro de Habacuque não responde a razão de
Deus permitir o mal. Declara que Deus jamais perde o controle sobre as
situações. Esclarece que o mal encontra seu destino lógico de autodestruição.
Informa que a glória do Senhor encherá a terra no tempo que o Criador assim
determinou acontecer.
Aplicação
pessoal
O cristão deve apegar-se à verdade de que o
justo vive pela fé.
Seja paciente, o futuro pertence a Deus. O crente
pode encontrar esperança e alegria mediante a fé em Deus, sem se importar quais
sejam as circunstâncias no tempo presente e no futuro.
É possível que aconteça muitas vezes de o
cristão sentir-se confuso ao presenciar a escalada, aparentemente triunfante aos
olhos de Deus, de pessoas injustas. E em sua mente confusa fazer reclamações a
Deus por considerar que Ele esteja sendo omisso. Habacuque não permaneceu apenas
no campo das reclamações. Demonstrou que acontecesse o que acontecesse, para ele
a vida só seria considerada plena na presença do Senhor. E aproximou-se de Deus
em oração, abriu seu coração com clareza plena fazendo indagações que desejava
respostas. Ao agir assim, mostrou ser homem de fé.
Podemos fazer a mesma coisa? Sim, porque existe
um pouco de Habacuque dentro de nós. É exatamente isso que nós cristãos devemos
fazer quando nos sentimos confundidos com ocorrências em nosso derredor. Emitir
reclamações "perturba" ao Senhor, porém, as perguntas sinceras são sinais de
confiança e Lhe agradam!
Deus lhe concederá contato direto e exclusivo
para tirar todas as dúvidas. Quando alguma coisa não faz sentido, costuma ser
porque ainda não dispomos de informações suficientes. Falta uma visão geral da
situação. Em situações confusas, peça em oração que Deus esclareça tudo, mas não
espere que Ele esclareça no momento seguinte, continue perseverante em sua
devoção ao Senhor, mantenha a confiança de que Ele esclarecerá você no momento
certo, e se realmente for preciso terá todos os detalhes muito bem
explicadinhos.
Medite sobre a origem da confiança e alegria de
Habacuque.
Conclusão
O profeta expressou maravilhosamente essa
atitude de fé nos últimos três capítulos do livro e por seu procedimento
aprendemos que não importa quão difícil a vida possa ser, pela fé encontramos
fontes de alegria e de renovação das forças para continuar em pé e seguindo
adiante.
A declaração sobre a importância da fé não
resolve problemas, mas ajuda o ser humano a superar os momentos difíceis, até
que o julgamento divino chegue. No caso de Habacuque, o julgamento divino sobre
a Babilônia.
É quase certo que Habacuque não viveu tempo
suficiente para ver a destruição dos babilônios, mas hoje a Babilônia é apenas
parte de memória histórica conforme a predição. Assim como Habacuque, devemos
esperar com fé que as promessas divinas se cumpram, pois é exatamente no
cumprimento delas que a glória do Senhor enche a terra (2.14).