segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Os libertinos




Os libertinos existem há muito tempo dentro da Igreja Cristã. Não vamos confundi-los com aqueles que procuram a liberdade da escravidão do pecado, da carne, do mundo e da lei, que é a liberdade cristã propriamente dita, encontrada em Cristo. Nesse sentido, todo crente verdadeiro é livre, ao mesmo tempo em que é escravo de Deus e servo dos seus semelhantes. Paulo fala disso em Romanos 6.
Os libertinos são diferentes. Eles também falam da liberdade cristã, da liberdade de consciência e da liberdade da lei, só que querem também ser livres de Deus e do próximo. Não percebem a liberdade dada por Cristo como estímulo para viver em obediência a Deus e serviço ao próximo, mas como uma licença para fazerem o que tiverem vontade.

Nós os encontramos em todos os períodos da Igreja. Quem não lembra de Balaão, o falso profeta que ensinou os filhos de Israel a se prostituir com as cananitas e a praticar a religião delas, como se fosse algo aceitável a Deus? (Num 31.16).

Encontramos os libertinos infiltrados nas comunidades cristãs primitivas, ensinando que a graça de Deus permitia ao cristão a participação nos sacrifícios pagãos oferecidos nos templos. Paulo encontrou um grupo de libertinos em Corinto, que achava que tudo era lícito ao crente, inclusive participar dos festivais pagãos oferecidos nos templos dos idólatras (1Cor 8—10). O livro de Apocalipse menciona os nicolaítas e os seguidores de Jezabel, grupos libertinos que ensinavam os cristãos a participar das “profundezas de Satanás” (Ap 2.24). Menciona também a “doutrina de Balaão”, que parece ter sido uma designação relativamente comum no séc. I para os libertinos (cf. Ap 2.14). Judas escreveu sua carta para denunciar e enfrentar “certos indivíduos que se introduziram com dissimulação... homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 4).

Os libertinos modernos não são diferentes e mantém basicamente as mesmas características dos libertinos denunciados no Novo Testamento, particularmente na carta de Judas, a saber:

1. Os libertinos estão introduzidos nas igrejas e comunidades cristãs, mesmo não sendo verdadeiros crentes em Cristo Jesus, dissimulando suas crenças e práticas até se sentirem seguros para manifestar abertamente o que são. Eles estão presentes nos cultos e festividades como “rochas submersas” (Jd 12), que representam um perigo para a navegação.

2. São pessoas ímpias – isto é, sem piedade pessoal, sem temor a Deus e sem verdadeiro relacionamento com o Senhor Jesus Cristo – que se apresentam travestidas de cristãos, usando a linguagem cristã e engajadas em práticas cristãs. São arrogantes e aduladores dos outros por interesses (Jd 16). São “sensuais” e “promovem divisões” no corpo de Cristo com suas ideias heréticas (Jd 19).

3. A doutrina libertina é que a graça de Cristo faz com que tudo seja lícito ao cristão, inclusive a prática da imoralidade – que naturalmente não é chamada por esse nome, mas por eufemismos e outros nomes, como sexo livre, amor, etc. Essa doutrina transforma essa graça em libertinagem – é daí que vem o nome “libertinos”.

4. Em última análise, a doutrina dos libertinos nega a Jesus Cristo, que sofreu na cruz para livrar seu povo não somente da culpa do pecado, mas do poder do pecado em suas vidas, conduzindo-os à santidade e pureza. Os libertinos vivem sem nenhum recato (Jd 12).

5. A fonte de autoridade para essa doutrina não é a Escritura, que em todo lugar condena a imoralidade, a concupiscência, a prostituição e o adultério, mas suas experiências pessoais. Judas chama os libertinos de “sonhadores alucinados que contaminam a carne” (Jd 8). O "cristianismo" dos libertinos não é oriundo da revelação de Deus nas Escrituras, mas é fruto da sua mente carnal, “instinto natural, como brutos sem razão” (Jd 10).

Falando claramente e sem rodeios, os libertinos presentes nas igrejas e comunidades evangélicas não vêem nada de errado com o sexo antes do casamento, a multiplicidade de parceiros, as relações homossexuais, a pornografia, aventuras amorosas fora do casamento, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, a participação dos cristãos nas diversões mundanas e absorção dos valores desse mundo no vestir, trajar, viver e andar. A agenda libertina é mais ampla do que essa e alguns libertinos são mais radicais que outros. Mas no geral, libertinos são contra qualquer sistema que tenha uma ética definida e clara e que defenda valores morais absolutos e fixos.

Libertinos costumam construir uma imagem de Jesus como uma pessoa inclusivista, que amou a todos sem distinção, jamais condenou ninguém nem se pronunciou contra o pecado de ninguém. Todavia, o Jesus libertino é diferente do Jesus da Bíblia, que o Cristianismo histórico vem anunciando faz dois mil anos. 

Se Jesus foi o que os libertinos dizem, ele foi um fracasso, pois seus discípulos mais chegados se tornaram o oposto do que ele queria: Pedro passou a ensinar que a vida nas paixões carnais era pecaminosa (1Pedro 1:13-19), João passou a dizer que a paixão pelas coisas do mundo e da carne não procedem de Deus (1João 2.15-17), Tiago condenou o mundanismo (Tiago 4), o autor de Hebreus disse que temos que lutar até o sangue contra o pecado que nos rodeia (Hebreus 12.1-4) e Paulo declarou que os sodomitas e efeminados não entrarão no Reino de Deus (1Coríntios 6:9-11). Eles certamente não aprenderam essas coisas com o Jesus libertino.

Os libertinos convenientemente calam-se sobre determinadas passagens nos Evangelhos onde Jesus, ao receber prostitutas, cobradores de impostos e pecadores em geral, os ensinava a segui-lo, não cometendo mais pecados, tomando a sua cruz, negando a si próprios e se tornando sal e luz desse mundo em trevas. Nenhuma prostituta, imoral, ladrão, que conheceu Jesus e se tornou seu discípulo continuou na sua vida imoral. Zaqueu, Mateus e Madalena que o digam.


Postado por Augustus Nicodemus Lopes


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A QUEDA DA BABILÔNIA - APOCALIPSE 18



A queda da grande meretriz já foi anunciada em Apocalipse 14.8, e ela recebeu o cálice da ira de Deus quando a sétima taça foi derramada (16.19). Agora um dos sete anjos que executavam os juízos das taças mostra com mais detalhes para João o julgamento da meretriz.

[...] Já conhecemos os personagens principais entre os inimigos do povo de Deus. Apareceu o dragão (capítulo 12), seguido pelas duas bestas (capítulo 13) e a grande meretriz (capítulo 17). Já sabemos o destino destes inimigos de Deus, pois o Cordeiro e seus fiéis são os vencedores, e seus adversários serão derrotados. Antes da identificação das características dos inimigos, a sétima trombeta já declarou: “O reino do mundo se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (11.15). Antes da descrição da grande meretriz vem a declaração da queda dela (14.8). Este e os subsequentes capítulos enfatizam o que já foi revelado – os verdadeiros vencedores são aqueles que adoram a Deus. Todos os outros adoradores da besta, à própria besta ao dragão que lhe dá poder serão derrotados. A partir deste capítulo, veremos a queda destes inimigos do Senhor. Surgiram numa sequencia (dragão, bestas, meretriz) e cairão na ordem invertida (meretriz, bestas, dragão). [Caiu! Caiu a Grande Babilônia.
No capítulo 17 vimos que o aspecto religioso do império anticristão, a “mãe das meretrizes”, que é ao mesmo tempo a “grande cidade”, que será destruída pelos dez reis da terra e pelo Anticristo (Ap 17.16). Aqui no capítulo 18, a grande Babilônica, ou seja, o império anticristão, em sua grandeza política e econômica, é julgado por Deus mesmo: “Por isto em só dia sobrevirão os seus flagelos, morte pranto e fome, e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus que a julgou” (v. 9).
1. João vê outro anjo. “Depois disso vi outro anjo descendo do céu. Ele tinha um grande poder, e o seu brilho iluminava toda a terra” (v. 1).
Aqui o anjo vem do céu enquanto que a besta surge do abismo (v. 8). O anjo desce do céu e tem grande autoridade para confirmar a sentença contra a Babilônia. Não há dúvida sobre a veracidade de sua mensagem. Quando o anjo desce João vê que o seu brilho iluminou a terra com a Sua glória: Deus é a verdadeira luz, e a sua glória ilumina (21.23; 1ª Jo 1.5). Pelo evangelho revelado, a glória de Deus traz iluminação (2ª Co 4.4-6; Ef 1.17-18). Aqui, então, aguardamos uma declaração de Deus que trará boas notícias aos servos fiéis.
2. A queda da Grande cidade. “Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável” (v.2).
Babilônia é uma forma grega. No hebraico do Antigo Testamento a palavra é simplesmente babel, cujo sentido é confusão em que tem caído a ordem social. Neste sentido é empregada simbolicamente. Nos escritos dos profetas do A.T., a palavra Babilônia quando não refere-se a cidade, no sentido literal, é empregada relativamente ao estado de “confusão” em que tem caído o mundo pagão.
Do modo como foi destruída a Antiga Babilônia (a cabeça de ouro da estátua (Dn 2)), por causa das suas abominações, também é anunciada a queda da Babilônia mística, o grande poder político-religioso liderado pela segunda besta o falso profeta (Ap 13.11).
Babilônia aqui não é apenas a Babilônia escatológica, mas a Babilônia atemporal, ou seja, é o sistema do mundo que opõe-se contra Deus em todas as épocas. É um símbolo da rebelião humana contra Deus. No capítulo 17, Babilônia era a grande meretriz, a religião apóstata. No Capítulo 18 João vê a queda da Babilônia, a cidade da luxúria, a morada dos demônios, ‘A GRANDE MERETRIZ’.
Nos capítulos 17 a 18 do Apocalipse, Babilônia aparece em sentido duplo em cada secção: a primeira é vista do sentido político e religioso; enquanto que a segunda é contemplada do ponto de vista literal e comercial.
Um oráculo assombroso profetiza a queda desta cidade onde o poder satânico se congregava. Caiu! caiu. A declaração repetida, com o verbo no passado, indica a absoluta certeza do cumprimento desta profecia. A antiga capital de Babilônia tornara-se assombrada, habitada por animais nocivos que provocam temor e supertição (cf, Is 13.19-22; 34.11-15; Jr 50.39; 51.37). Assim também acontecerá com esta futura fonte de corrupção diabólica. A besta, sobre a qual está assentada uma mulher (Ap 17), ou seja, o poder político mundial anticristão ligado à religião mundial unificada, a falsa igreja, então caiu.
A grande cidade que estava cheia de atividade e de pessoas poderosas e ricas torna-se uma cidade abandonada e suja (cf. Isaías 13.19-22). Mais uma vez, o contraste entre as duas principais cidades do livro torna-se evidente. A cidade mundana torna-se lugar deserto e imundo, ocupado por demônios e espíritos imundos. A cidade santa, a nova Jerusalém, será habitada por multidões na presença do Senhor, e “Nela, jamais penetrará coisa alguma contaminada” (21.27).
Note que o Senhor exclama duas vezes que a Babilônia caiu, podemos entendê-lo que o primeiro “caiu” refere-se ao mistério da prostituição do capítulo 17, ao falso culto sem Jesus Cristo e o segundo “caiu”, à “grande Babilônia”, onde este sistema é executado na prática.
3. O vinho da ira. “Pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria” (v. 3).

O que diz o presente texto é o que aconteceu no Antigo Império Babilônico: o orgulho e a devassidão foram a causa primordial de sua queda. Daniel nos informa que na noite da invasão Medo-Persa sobre a cidade de Babilônia, todos os grandes do Império babilônico se encontravam embriagados e em extrema orgia (Dn 5). Na babilônia comercial e política, descrita neste capítulo, as mesmas coisas do passado serão praticadas, no que diz respeito a vida dissoluta: prostituição, comercio desonesto etc.
Este versículo repete alguns dos motivos do castigo de Roma: Suas falsas doutrinas constituem o vinho da sua prostituição com o qual embriaga as nações da terra. As falsas doutrinas são comparadas ao vinho porque entorpecem a mente e, assim, afetam a capacidade de discernir e de raciocinar de uma pessoa. Tal como o vinho, as falsas doutrinas retiram da pessoa sua capacidade de discernir o erro. Não fosse pela ação danosa deste vinho que mantém as nações embriagadas, multidões seriam convencidas e convertidas pelas verdades claras contidas na Palavra de Deus. Mas o vinho da Babilônia é chamado de “vinho da ira”. Por quê? O vocábulo grego “thumos” significa ira, ódio, raiva. É uma raiva criada pelas falsas doutrinas. Assim, quando os reis da terra bebem deste vinho, são instigados pela cólera a irem contra os que não concordam com as heresias. Por isto, aquele que se nega a beber o vinho da Babilônia está marcado para pagar por sua ousadia.
Um anjo do céu anuncia a queda da Grande Babilônia. Este epíteto, tomado de Daniel 4.20, está ligado ao nome Babilônia (Ap 17.5), que significa grande confusão ou pandemônio. Babilônia, é uma figura de iniquidade religiosa, ou seja, uma comunhão de credos, igrejas seitas, filosofias, dentro da própria cristandade, liderada, ecumenicamente pelo falso profeta (Ap 17.9 comp. 1ª Pe 5.13). Sua queda é celebrada por antecipação, de acordo com Isaias 21.9, (caiu, caiu a Grande Babilônia) e está descrita nas visões dos capítulos 17 e 18, onde Babilônia é vista como uma mulher que deu de beber e embriagou a todas as nações com o vinho de sua fornicação, o equivale dizer: arrastou á idolatria (Jr 51.7).
4. Retirai-vos dela. “Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (v.4).
Antes que as poderosas palavras de juízo do anjo divino, que é o próprio Cristo, se cumpram sobre esta Babilônia, uma outra voz brada do céu – a voz de Deus.
A expressão “sai dela” é um imperativo, ou seja, uma ordem. Babilônia não pode ser reformada, de acordo com as Escrituras. Só há um remédio: separar-se completamente dela. Assim como Ló foi chamado para fora de Sodoma, antes que ela fosse destruída por fogo e enxofre (Gn 19.14-29), da mesma forma o povo de Deus é dirigido por uma voz que vem do Céu dizendo-lhe para sair de Babilônia, antes que ela caia.
Quando a velha Babilônia do rio Eufrates estava perto de ser destruída pelos juízos de Deus, o Senhor enviou a Seu povo (Israel), que nela ainda estava, um solene aviso através do profeta Jeremias dizendo: “Fugi do meio da Babilônia...” (Jr 51.6).
Retirar-se da Babilônia simboliza evitar toda a comunhão com os pecados do mundo pagão introduzidos no sincretismo religioso da falsa igreja. Mas, literalmente o anjo avisa os cristãos que hoje moram em Babilônia (a falsa igreja) para fugir dela antes de sua destruição, pois aqueles que se recusarem a separar-se de Babilônia e de seus pecados serão destruídos com ela.
Deus tem, e sempre teve, um povo em Babilônia. Quantas criaturas sinceras e boas, cujos sentimentos estão voltados para Deus, estão aprisionadas pelas amaras das tradições e enganos que lhes oferece a “Babilônia” dos nossos dias? Portanto, cabe a nós hoje, trazer um conselho de advertência para aqueles crentes sinceros que estão em babilônia: “Fugi do meio da Babilônia”.
5. O castigo que a Babilônia receberá. “Dai-lhe em retribuição como ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo suas obras, e no cálice em que ela misturou bebida, misturai dobrada para ela” (v.6).
A cidade usada para corromper as nações e levar ao mundo todo o tipo de falsa religiosidade receberá o castigo de Deus.
Os poderosos que comprometeram-se com as obras do maligno, a idolatria pagã, o materialismo, a luxuria, serão arruinados juntos.
Terrível é o dano produzido pela falsa igreja simbolizado por Babilônia. Incalculável, mais terrível, ainda, é o castigo eterno, com tormento e pranto, reservados para os que servem este sistema religioso.
6. Assentada como rainha. “Quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento, pranto, por diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou” (Ap 18.6-8).

No capítulo 17.3, ela está assentada sobre a besta, enquanto que aqui ela está sentada como rainha. Agora ela está sendo julgada pela sentença divina: “pagai-lhe em dobro”.
Ela se orgulha de não ser viúva sem poder e abandonada, mas de ser rainha soberana. Seu desejo é sempre reinar, reinar sobre todas as consciências. Orgulhosa, ela pensa que está assentada não somente em um lugar elevado, mas também seguro. Tem grande capacidade de comando sobre muita gente.
7. O lamento dos poderosos. “Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio, e, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo. (v.9-10).
Os poderosos que se comprometem com a obra do maligno (a idolatria pagã, o materialismo, a luxuria) serão arruinados juntamente com Babilônia. Lamentam ao contemplar suas enormes perdas.
Os reis lamentar-se-ão não por causa dos seus pecados, e nem lagrimas de arrependimento, mas por causa do seu sofrimento, das consequências e pela perda da sua infra-instrutura. Como Caim, eles não ficam tristes por seus pecados, mas apenas pelo castigo. Lamentar-se-ão por causa de suas perdas.
Aqueles que vivem no luxo e nos prazeres, ignorando a Deus, serão abatidos pela Sua ira. Por isto, ela receberá um juízo, como nunca antes existiu nesta extensão. Duas afirmação mostram a rapidez deste juízo: “... em um só dia” (v. 8) e “... em uma só hora ficou devastada tamanha riqueza” (17). Sua tranquilidade hoje, será transformada em pânico naquele dia por isto eles dizem ai! Ai!
8. Os mercadores da terra lamentarão. “E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria, mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore” (v. 11-12).
Da mesma maneira como eram realizados grandes negócios e com excelentes lucros com as mercadorias na Babilônia dos caldeus, assim na Babilônia mística há mercadoria para serem negociadas.
Esta lista de produtos mostra a extrema riqueza da meretriz. Consumia todo tipo de mercadoria de luxo, até escravos. A opulência de Roma levou a cidade ao exagero de um consumismo desenfreado, e as nações exportadoras lucraram com isto. O profeta Ezequiel faz uma lista semelhante, quando Tiro era a grande cidade e enriquecia-se com o materialismo (Ez 26, 27 e 28). Estes versículos reforçam a interpretação da meretriz como símbolo de Roma e sua vida comercial e materialista. O material nobre são transformados em imagens de escultura, cordões, rosário, medalhões e relíquias para o comercio da meretriz.
A Bíblia afirma que os mercadores lamentar-se-ão pela perda: “Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando” (v.15).
Os mercadores lamentar-se-ão pelas perdas materiais. Entre as coisas que deixam de negociar encontram-se “até almas de homens”. Isto lembra o seu comércio com os cadáveres dos mortos nas chamadas “encomendas dos corpos”, missas de sétimo dia e indulgências para enriquecer a muitos. O que dizer do purgatório inventado para enriquecer este negócio profano e que permite a troca das almas por dinheiro de onde enche os celeiros da meretriz.
A cidade, simbolicamente chamada Babilônia, também será o centro comercial e econômico do mundo durante o reinado do Anticristo. Com o rompimento entre a Babilônia política representada pela besta e os reis confederados, e a Babilônia religiosa, que representa a cristandade apóstata, vai acontecer a destruição deste sistema religioso pelo poder da primeira besta (Ap 13) que meterá fogo sobre a sede deste governo (vvs. 17-19).
9. Haverá grande alegria no céu quando Deus julgar a Babilônia. “Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa” (v.20).
Enquanto que na terra haverá lamentação, choro e pranto, no céu haverá alegria, gozo e júbilo. Os moradores do céu, e em especial os apóstolos e profetas, tem todos os motivos para interromper agora em alto júbilo, pois Deus executou seu juízo contra Babilônia, isto é, em favor dos santos eleitos. A injustiça do mundo anticristão, que por muito tempo ficou sem castigo, foi agora levado a clara luz de Deus e revelado diante de todo mundo. Por isto o céu magnífica e tributa louvores ao Criador.
10. Babilônia (Roma) será exterminada. “Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada” (v.21).

O anjo forte, com seu ato de arrojar, a grande pedra, mostrou que Babilônia (Roma), haverá de cair violentamente, em súbita destruição. A pedra de moinho (em gregomillos, onikos), aqui em foco, provavelmente deve ser aquela que somente os animais podiam fazer girar (Mc 9.42).
Afundar uma enorme pedra no mar, antigamente, era símbolo de eterna destruição. Este é o cumprimento daquilo que o profeta Jeremias escreveu (Jr 51.60-64).
Aqui, este juízo é então executado e Babilônia será lançada fora, como uma pedra jogada no fundo do mar. Quando este juízo tiver sido executado sobre a humanidade anticristã, então haverá um silêncio apavorante sobre a face da terra. É o que descreve João:
“E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria” (v. 22- 23).
Nenhum som e nenhuma luz. Isto é um sinal de uma cidade morta. E nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá: O casamento sempre é um sinal de esperança, de planos para o futuro (Mt 24.38). Mas a Babilônia não tem futuro; não terá nela as vozes de noivos. A Babilônia mundial ficará completamente deserta.
Pois os teus mercadores foram os grandes da terra: A Babilônia foi exaltada e exercia poder e influência sobre os outros. Os motivos do castigo dela são resumidos em dois pontos: Porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria: A meretriz seduziu as nações, que participaram com ela na sua prostituição. Este envolvimento dos povos com a Babilônia foi um dos pontos principais deste capítulo. Babilônia atraiu, enganou e embriagou as multidões com sua feitiçaria e sua prostituição. Aqui ela terá o seu fim.
Com todos os acontecimentos mundiais evidenciados e revelado na Palavra de Deus, os homens não aceitam a verdade como verdadeira. Se o fato de que a terra será aniquilada, fosse a base em que as pessoas edificassem suas vidas, muitas coisas seriam bem diferentes. Mas, até ao dia de hoje foi reprimido na consciência dos homens, que a terra terá um fim. Eles preferem seguir e aceitar os enganos da meretriz do crer nas verdades das Escrituras Sagradas. Embora Deus já tenha revelado as doutrina das últimas coisas na Sua Palavra, o homem continua ignorante. Por quê? Porque é uma escolha do homem de crer no engano no óbvio do que crer na verdade.
11. A justiça de Deus não falha. “E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra” (v.24).

Notamos mais uma vez o motivo maior do castigo de Roma. Ela perseguia os santos e embriagou-se com o sangue deles (17.6). Deus castiga a Babilônia como ato de justiça, trazendo a merecida vingança pela perseguição do povo do Senhor. A súplica do quinto selo está sendo respondida!
O Espírito Santo, prevendo todas essas coisas e sendo o guia e o consolador da verdadeira Igreja, já providenciou uma resposta divina para o perigoso, onipresente e renascido Sacro Império Romano. Na Bíblia, o Espírito de Deus expõe a igreja de Roma como sendo bela aos olhos deste mundo perdido, mas deplorável por sua apostasia. Para os que creem, ele quebrou seus encantamentos, arrancou sua máscara e escreveu com letras bem grandes seu nome para todos verem: MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA. Os cristãos verdadeiros devem comparar tudo com Palavra do Deus Eterno, Santo, Imutável, Todo-Poderoso, Onisciente e Sábio. Quando confrontados com o leviatã de Roma, os cristãos podem ter no Senhor uma confiança semelhante àquela de Davi quando comparou o poder de Golias ao do Deus Verdadeiro: “Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1º Samuel 17.45). É tarefa do Senhor desfazer o iníquo pelo seu poder: “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” Até isto acontecer, multidões serão salvas dela “com temor, arrebatadas do fogo” (Jd 1.23). Esta promessa da graça deve-se à palavra da verdade do Evangelho. O Senhor Jesus Cristo, que é a cabeça exaltada da Igreja e o seu Espírito soberano, dão conforto e vitória pois “o evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação” (Rm 1.16).


Pr. Elias Ribas


domingo, 12 de janeiro de 2014

O TRABALHO DOS ANJOS NA GRANDE TRIBULAÇÃO



I.             O EVANGELHO ETERNO

“Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.6-7).

O capitulo 14 é a continuação do grande parêntese que começou no capitulo 12 e se encerra no capitulo 14.20, pois o 15 já é a preparação para os anjos derramarem suas taças, o que ocorre em 16.2. A sétima trombeta, que teoricamente introduz a última seqüência das pragas que é as sete taças, é tocada em Ap 11.15, e as taças são introduzidas em 16.2, sendo do 12 ao 14 um parêntese de narração, e o 15 a preparação para as taças.
A voz, das duas testemunhas e o testemunho dos cento e quarenta e quatro mil calou-se agora sobre a terra, e o evangelho eterno é então anunciado por um anjo, que voa pelo meio do céu. Pela continuação concluímos que se trata no total de seis anjos, que agora têm a proclamar uma mensagem desde o céu.
A palavra evangelho no hebraico é “besorah” e no grego é “evangelion”. Em ambos os casos significam “Boas Novas” para a humanidade, porém aqui são as boas novas do reino de Deus que acontecerão em breve. Pelo menos três nomes de evangelho aparecem no Novo Testamento. Veja a seqüência: evangelho do Reino (Lc 16.16.); evangelho da graça (At 20.24); evangelho eterno (Ap 14.6-7).
Em primeiro lugar, o evangelho é a boa nova de que Jesus Cristo morreu na Cruz do Calvário pelo pecado do mundo e que aquele que aceita isto pessoalmente na fé, é justificado pela ressurreição de Jesus Cristo. Esse é o chamado “evangelho de Deus” (Rm 1.1) e “evangelho de Cristo” (2ª Co 10.14). Trata-se também do “evangelho da graça de Deus” (At 20.24), porque salva os que são malditos pela lei. Além disto, a Escritura fala também do “evangelho da glória” (1ª Tm 1.11) e do “evangelho da vossa salvação” (Ef 1.13). Mas é também o “evangelho do reino”. O próprio Senhor Jesus pregou o evangelho do reino, antes de ir para a cruz: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). O evangelho do reino é a mensagem que Deus vai estabelecer nesta terra o reino do Cristo, do Filho de Davi, como cumprimento da aliança com Davi.
A palavra “evangelho” engloba, portanto, diferentes resultados da boa nova. Mas o fato de que Deus fez anunciar tanto a boa nova do evangelho da graça, além do evangelho do reino futuro e do evangelho do juízo divino, não significa que exista mais que um evangelho. Pois a graça é o fundamento de todas as dispensações, e em todas as circunstâncias é o único caminho pra a salvação do pecador. O anjo que voa pelo meio do céu prega “um” “evangelho Eterno”. Poderia se dizer: Um evangelho do único evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo.
O evangelho está verdadeiramente sendo espalhado por “todo o mundo” como nunca foi visto antes. Através do satélite, a mensagem cristã está sendo apresentada simultaneamente para praticamente todas as nações da terra. Estamos vivendo nos dias preditos por Jesus quando declarou: “Este evangelho do reino será pregado em todo o mundo” e “então virá o fim”.
O evangelho do reino será anunciado pelos cento e quarenta e quatro mil durante a Grande Tribulação, após os anjos darão continuidade à pregação deste evangelho.
O resultado da pregação do evangelho eterno será então o juízo sobre o mundo das nações, por ocasião da volta do Senhor Jesus Cristo. A respeito o próprio Senhor fala em Suas palavras sobre os tempos finais: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas” (Mt 25.31-32).
No Apocalipse capitulo 14 João vê anjos que são anunciadores e executadores de juízo (vvs.18-20). Nesse panorama, vemos o terrível tempo de juízo durante a Grande Tribulação, agora novamente porém de outra perspectiva: “a pregação do evangelho eterno”.
Quando não houver mais nenhuma língua humana para anunciar o evangelho, pois os cento e quarenta e quatro mil foram arrebatados, o céu fala. Então os anjos, que o Anticristo não pode atingir, pregarão o evangelho. Figuradamente eles terão seu púlpito em meio ao céu, e todas as nações, tribos e línguas serão obrigadas a escutar, mesmo que não queiram ouvir. A Palavra de Deus não está algemada, mas eternamente viva e tem que ser ouvida.
A mensagem deste primeiro anjo é: “Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (v. 7). Seu evangelho é: “adorem e temam a Deus”. Isto é o contrario da mensagem da besta, que exige adoração da imagem da besta. Ao mesmo tempo esse primeiro anjo anuncia também o juízo. Quanto à época, sua pregação acontece no final da Grande tribulação e o princípio da eternidade.


 II.             PALAVRA DE ADVERTÊNCIA


“Seguiu-se a estes, outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome” (Ap 14.9-11).
Esta visão é uma contra-ordem divina ao edito da Besta: “Seriam mortos todos os que se recusassem adorar a Besta e a sua imagem, e não recebessem o sinal na testa e na mão (Ap 13.15-16). Por isto o anjo traz uma mensagem de condenação eterna, que nunca acabará, da realidade do inferno. O terrível pecado de adoração da besta trará a todos os seus seguidores a maldição do inferno. Hoje em dia Muitos gostam de ouvir e falar da realidade do céu, mas não gostam de ouvir a realidade do inferno. “A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite” (v. 11).
Agora a sentença saiu do Trono, com dura manifestação do juízo de Deus contra os adoradores da Besta. Alguns são levados a desculpar-se: receberão a marca na testa, mas não no coração; porém, nenhum culpado poderá evitar o juízo de Deus (Sl 75.8; Is 51.17; Nm 14.18; Ne 1.3).
“O vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado”. O vinho é derramado puro, isto é, o juízo será sem misericórdia. “Serão atormentado com fogo e enxofre”. Este tormento terrível será individual, cada um padecerá eterno sofrimento (Ap 20.10; 21.8). Ao fogo, para tornar-se mais quente, é adicionado enxofre.
A segunda morte (separação eterna de Deus), “no lago que arde com fogo e enxofre” (Ap 21.8), lugar onde serão atormentados para sempre, os adoradores da Betsa.
“O fumo do seu tormento sobe para todo sempre”. O fumo produzido pelo fogo e o enxofre daquele lago é eterno (Is 34.10). Seu suplício é sem fim e nunca terão repouso. Só em Cristo está o descanso para a alma aflita (Mt 11.28), graças a Deus. Porém, “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31).


III.             A CEIFA DA TERRA

  
Jesus confirma a Sua vinda a este mundo, Ele não virá nascer novamente como homem, mas buscar Seus escolhidos e para fazer juízo a este mundo.

“Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu! E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada. Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada. Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! Então, o anjo passou a sua foice na terra, e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios” (Ap 14.14-20).

1. A vinda de Jesus em glória. A introdução indica que a visão que João vê é extraordinária, onde ele vê o Cordeiro, o Senhor, exercendo juízo. João tenta descrever esta nova visão, o indescritível que ele vê, ou seja, a glória do Senhor que está voltando. Assim como Ele subiu voltará outra vez: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como viste subir” (At 1.11b). A nuvem corresponde à glória shekinah. Ele está assentado sobre uma nuvem branca, que o traz de volta para a terra em velocidade imaginável, para exercer juízo para a ceifa da terra.
A nuvem que o Senhor está assentado não é negra ou cinza, mas branca. Em grego a palavra usada é “leukos”, traduzido por “luminosa” ou “lúcida”. Poderia se dizer: “portanto... uma nuvem luminosa”.
2. “....e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho do homem”, então percebemos que esse é o mesmo Filho do Homem que séculos antes, foi visto por Daniel igualmente sobre as nuvens (Dn 7.13). Sabemos também que em Mateus 24.30, o Senhor Jesus falava da Sua própria volta, quando disse: “Então, aparecerá no céu o sinal do filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. Ele enviará os seus anjos, com grande clamor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mt 24.30-31).
Não há duvida que aqui em Apocalipse 14.14 trata-se de Jesus Cristo, que vem para o juízo. Jesus vem para julgar com juízo a humanidade anticristã e as duas bestas (o Anticristo e o falso profeta). “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele (Ap 17.14).
3. “...tendo na cabeça uma coroa de ouro” (Ap 14.14). Não é uma diadema que enfeita a cabeça d’Aquele que vem sobre a nuvem, mas uma coroa de ouro trata-se do rei das nações, do rei do mundo. O Rei dos reis coroado, que vem em grande poder e glória, tem na mão uma foice. A foice erguida está afiada para realizar a ceifa. Esta expressão nunca é utilizada para descrever o recolhimento de bons fruto. De modo que ela significa algo terrível, Ele vem aqui como Juiz do mundo. A terra tem que ser limpa das más plantas pelo trabalho de juízo da vingança divina. Esta é a razão da foice ser “afiada”.
João recebe aqui uma visão de Amargedom! Ele vê, resumidamente a luta final dos povos, que é várias vezes citada no Apocalipse (9 e 16).
Jesus Cristo está assentado, portanto sobre esta nuvem luminosa, pronto para executar o juízo. Então “outro anjo grita em alta voz “do santuário” dirigindo-se “Aquele que está assentado sobre a nuvem” (v.15). Mais um anjo vem com sua mensagem. Esta vez, João comenta sobre a procedência do anjo – ele saiu do santuário, ou seja, da presença de Deus (3.12; 7.15; 11.19). Não há dúvida sobre a fonte de sua mensagem; ele vem diretamente da presença de Deus para transmitir a ordem para o filho do homem. Qualquer ordem dada a Jesus teria que vir do Pai, pois somente o Pai tem autoridade sobre o Filho (cf. Jo 14.28; Mt 26.39,42; 28:18; 1ª Co 11.3; 15.27).
4. A seara já está madura. “...toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu!” Juntamente com o grito do anjo começa a ceifa, o juízo: “...e aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra...” (v.16). Este é o sinal para a grande ceifada. Agora começa a hora do juízo sobre a besta e seus adoradores.
Uma ceifa estranha, que não podemos compreender racionalmente. Essa ceifa de juízo engloba todas as catástrofes, que acontecerão em breve sobre a terra. As taças de Deus serão derramadas para horror de todo o mundo, Babilônia desmorona com grande barulho; são cortados os mais importantes nervos vitais do Anticristo; a grande meretriz (Ap 17 e 18) perde seu esplendor e seus adornos reais, sendo coberta de pragas, miseria e fogo. Se João diz aqui: “...e a terra foi ceifada”, então ele fala da conclusão definitiva desta era da graça.


 IV.             A VINDIMA DA TERRA

  
No capítulo 14 João não tem somente a visão da “ceifa”, a vinda do Senhor para ceifar as nações, mas também a visão da “vindima”: “...então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada. Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas” (vv 17-18).Vemos aqui o mesmo procedimento que nos versículos 15 e 16, mas referindo-se agora à vindima. O anjo que vem do céu, entretanto, é outro, não com relação à sua natureza, mas quanto à sua missão. Isso significa, que João vê a volta do Senhor em diferentes aspectos. Em outras palavras: conforme meu entendimento, esse anjo é o mesmo que ele acabou de ver sentado sobre uma nuvem com uma coroa de ouro – trata-se do anjo do Senhor do próprio Jesus Cristo. Primeiro João viu chegando com a foice afiada, para a ceifa das nações; agora ele vê chegando como o anjo para realizar a vindima, o juízo sobre Israel. Pois a “videira da terra” simboliza Israel. È o que se conclui, por exemplo do Salmo 80.8: “Trouxeste uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste” (outras ref. Is 5.1-7; Os 10.1-2).
Mas não disse o Senhor Jesus de si mesmo em João 15.1, que ele é a “videira verdadeira”? Como pode então Israel ser a videira se Jesus Cristo é? Este é justamente o fato maravilhoso pois exatamente este fato duplo mostra a identificação do Senhor com Seus irmãos segundo a carne.
Sua vinda como anjo do Senhor; esta é sua vinda para Israel, que se converterá ao ver Seu Messias e Sumo-Sacerdote. É o que diz o profeta Zacarias. Antes Israel será atingido por duros juízos através da besta e então reconhecerá que o Senhor que está voltando realmente é o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Estas experiências e conclusões levarão Israel à conversão.
“...toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! Então, o anjo passou a sua foice na terra, e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus” (vvs. 18b-19).
Em outras palavras: ajunta as uvas da videira, ajunta os filhos de Israel. O que o Senhor então fará com estas uvas ajuntadas em todo mundo. Ele lança-os “no grande lagar da cólera de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estágios” (v. 20).
O que é este terrível juízo que atingirá Israel? Para compreendermos esta pergunta, faz-se necessário ler Isaias 63.1-4: “Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelho o traje, e as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no lagar? O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo. Porque o dia da vingança me estava no coração, e o ano dos meus redimidos é chegado”.
No lagar foram salpicadas as vestes de Cristo. Lá cumpriu-se aquilo que Israel exclamou, quando acusou Jesus diante de Pilatos “Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos” (Mt 27.25). Quando Israel for lançado no lagar da cólera de Deus, então entrará em contato com o Homem de Gólgota. “Eles verão a quem transpassaram” (Ap 1.7). Então o sangue do Cordeiro terá efeito para eles, para seus próprios irmãos. Vendo que o Senhor está voltando, com Sua foice afiada, eles humilhar-se-ão sob o Seu juízo. “Porque o dia da vingança me estava no coração (vingança contra as nações), e o ano dos meus redimidos é chegado (redenção de Israel)”. Quando Israel estiver no lagar da ira de Deus, eles lamentarão, chorarão e se converterão. Apocalipse 14.20 descreve de maneira tão comovente o que acontecerá fora da cidade também para Israel: “E o lagar foi pisado fora da cidade”. Ali foi derramado o sangue do Filho de Deus.
Esta maravilhosa figura da conversão de todo o povo de Israel é completada pelo outro anjo: “Saiu ainda do altar outro anjo” (v. 18).
O anjo que tem poder sobre o fogo, isto é sobre o juízo, exclama: “Senhor, ajunta Israel, lança-o agora no teu grande lagar, lava-o pelo teu precioso sangue”.
Novamente digo que aqui não são os cento e quarenta e quatro mil selados, pois eles são as primícias de Israel e já estarão na glória (Ap 14.1-2).

O restante que não aceitar a pregação das duas Testemunhas e dos 144.000 mil, serão levados para o lagar da ira de Deus (Armagedom). Ali Israel será pisado, oprimido e angustiado pelo Anticristo, mas quando Israel se converter e reconhecer que o Messias que eles crucificarão é o verdadeiro Jesus aparecerá em glória para socorrer Israel entre o monte das oliveiras.

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O fruto do Espírito na vida do crente


No cenário evangélico, existem muitas abordagens acerca do fruto do Espírito. Livros, artigos em revistas, pregações. Embora eu saiba que minha contribuição seja das mais pequenas, digo que é importante tocar neste tema em profundidade pois tal iniciativa contribui para enriquecer a vida cristã daqueles que desejam conformar-se à imagem de Cristo. 

Encontramos no Novo Testamento Jesus Cristo como o Caminho. O coração humano é comparado ao solo, que precisa ser um terreno bem tratado, alvo de bastante cuidado, ser fértil, pois o Agricultor, que é nosso Deus, espera que ele seja produtivo.

Deus não se agrada da ausência do fruto a ser colhido, do fruto doente, da colheita incompleta. A produção perfeita do fruto do Espírito na vida do crente leva-o à comunhão íntima com Deus.

A Parábola do Semeador apresenta quatro tipos de terras:

1 - O terreno à beira do caminho (Mateus 13.4, 19).

Jesus Cristo descreveu o coração de alguns crentes como "beira do caminho". O coração deles é igual solo endurecido, tal qual tijolo e concreto, é semelhante a superfície de terra batida porque transitam milhares de pedestres dia após dia sobre eles. 

A rigidez os torna impenetráveis à água. As sementes são incapazes de germinar em solos duros, morrem antes de brotar. Aves comem essas sementes, pois encontram elas espalhadas. 

São corações fechados para as orientações da Palavra de Deus, mas abertos para muitas pessoas que formam suas opiniões com pensamentos que se chocam ao ensinamento bíblico. Eles dão importância maior para mensagens antibíblicas encontradas em conversas com não cristãos; aos conteúdos estranhos à Bíblia Sagrada encontrados em sites na internet, letras de músicas sem nenhum temor a Deus ouvidas no rádio, em arquivos de MP3; aos textos escritos para debochar da fé cristã, publicados em revistas e livros; sentem prazer em assistir esquetes na televisão e acompanhar roteiros de cinema produzidos para escarnecer da vida em piedade. Enfim, a mídia secular influencia a vida do coração duro e o faz viver afastado da vontade divina.


Os pássaros são analogias das equivocadas relações de amizades desses crentes.

2 - O solo rochoso ou pedregoso (Mateus 13.5-6; 20-21).

Terrenos cheios de pedras não podem ser considerados totalmente imprestáveis ao plantio. Trata-se de um tipo de terra que exige do lavrador maior dedicação, mais suor. Mesmo que os camponeses se disponham a limpar e arar a terra com bastante afinco, usem boas parelhas de animais e ferramentas novas e adequadas, empenhem-se para plantar a lavoura com altos custos, haja chuva no tempo certo, os lavradores correm o risco de colher míseros punhados ou nada do plantio, o proprietário corre o risco de ter um amargo fracasso com a produção de sua lavoura.

Muitas pessoas mental e emocionalmente afirmam amar a Cristo. Mas elas não demonstram sua fé e amor através de atitudes coerentes. Estão apenas ligadas à religião por motivos sociais que lhes são convenientes. Possuem elos com pregadores, tarefas ligadas à liturgia da igreja, mas não têm contato constante com Deus, apesar de participar de cultos. O coração delas parece um tapete verde, porém, o subsolo está composto com enormes formações de granito. 

Não é de admirar que a Bíblia Sagrada repete muitas vezes que o homem é duro de coração, pois a natureza humana está em luta constante contra a vontade do Espírito Santo. A Palavra de Deus admoesta aos crentes esforçarem-se para ter paz com todos na medida do possível e afastar-se da corrupção do mundo, mas o coração pedregoso insiste em manter uma briga contínua com alguém, ou a satisfazer-se com prazeres carnais que não condizem com a pureza da santidade divina. Assim sendo, embora a semente brote em seu solo, jamais a bela planta crescerá e frutificará, as raízes encontrarão a resistência das pedras da contenda, o calor angustiante do ódio escondido, a dureza da desobediência ao Senhor e morrerá seca ou queimada pelo sol escaldante. 

A Palavra de Deus é simbolizada nas Escrituras como o martelo que quebra pedras em pedacinhos (Jeremias 23.29). Terrenos rochosos podem se tornar solos maleáveis. O coração superficial, que pulsa apenas pelo hábito da religiosidade humana pode vir a ser terra fértil e entregar ao Agricultor o fruto do Espírito. Para que seja assim é necessário rever as prioridades, querer trocar o pregador, o professor, a bela liturgia de culto, os prazeres da carne por Deus. As relações sociais na igreja são importantes e lícitas, porém, o Senhor deve estar acima de todas elas. Somente quando Deus é o primeiro na vida do crente é que o solo rochoso de seu coração se torna capaz de receber a semente e transformá-la em árvore frutífera. 

3 -  O terreno cheio de espinhos (Mateus 13.7; 21-22).

O cristão precisa examinar a si mesmo, constantemente, perguntar-se quais são suas prioridades. Ele dá mais valor para o mato inútil ou para o fruto eterno?

Os israelitas do passado cultivavam suas plantações no clima semi-árido, para sobreviverem da agricultura precisavam estar em constante vigilância com o objetivo de evitar que em sua lavoura proliferassem espinheiros, cardos e todo tipo de erva daninha. Embora o solo fosse limpo no momento da plantação, o vento poderia trazer sementes indesejáveis, os pássaros poderiam depositar junto com o esterco sementes de abrolhos e cardos, animais domésticos e selvagens poderiam trazer na pelagem sementes de joio ao entrarem na plantação de trigo. Toda safra de uvas poderia se perder sufocada por abrolhos e cardos.

A Palavra de Deus deve ser guardada no coração para que não pequemos contra Deus. A ansiedade, os cuidados com as coisas dessa vida, o engano das riquezas como solução de todos os problemas e a sedução do materialismo competem com a semente da Palavra de Deus em nossos corações. É preciso vigiar para que o nosso coração apresente o precioso fruto do Espírito em safras que não contenham infestação de matos e plantas espinhentas.  

4 - O terreno bom (Mateus 13.8, 23).

A terra boa é altamente produtiva. Jesus Cristo a descreveu como um solo em que o agricultor planta e obtém colheitas lucrativas, resultados satisfatórios de seu trabalho ao lançar as sementes no solo. O trabalho rende uma semeadura com retorno de trinta vezes, sessenta e outros cem vezes  mais o que foi plantado. 

A terra boa oferece a vegetação que o agricultor plantou, porém antes exige dele que se aplique com habilidade na preparação do plantio, retirando o mato, ervas daninhas e sujeiras. Revolva-a com esmero para dela extrair a máxima produtividade.  

O coração humano não é terra promissora, mas ninguém é irrecuperável para Deus. Jesus Cristo derramou na cruz do Calvário suor e sangue para que fôssemos resgatados da condição de esterilidade, para que nos transformássemos em solo limpo, liso, pronto para ser semeado e pudéssemos ter condições de apresentar frutos agradáveis a Deus na estação certa. 

O que faz surtir o efeito real de transformação na terra à beira do caminho, desértica ou pedregosa, para solo  produtivo é o sincero desejo de frutificar. A mudança acontece ao permitir que o Espírito tenha liberdade e realize a limpeza no coração, deixando-o agir com o arado, a enxada, a foice. Remexa nossa vida toda e nos convença de todos os pecados que praticamos e confessemos esses pecados a Deus dispostos a não repetir nenhum deles outras vezes.



O trabalho espiritual ocorre no coração humano quando o crente dá atenção e pratica a Palavra de Deus.  É entregando o campo para Jesus tomar posse dele como único Dono e Senhor que um crente torna-se capaz de apresentar o fruto do Espírito.


Postado por: Eliseu Antônio Gomes