O tempo do fim: há pessoas que têm
arrepios quando ouvem tal expressão. Mas esta frase no Livro de Daniel não
representa o fim do mundo, aponta ao período de tratamento de Deus com o povo
de Israel, prenunciando a vinda de Cristo.
Por meio do contexto profético, a mensagem bíblica no oitavo capítulo de Daniel
é de esperança, não há a perspectiva de terror, pois apresenta o triunfo do
Reino de Deus.
Do segundo ao sétimo capítulos, Daniel usou o idioma aramaico, usado pelos
gentios; a partir do capítulo 8 até o final do livro, o idioma usado pelo
profeta passa a ser o hebraico, do povo de Deus, pois o assunto em foco dizia
respeito ao povo judeu entre as nações gentílicas.
Daniel 8.1
Verso 1. O ano terceiro do rei Belsazar seria 550/540 a.C., um ano muito
significativo, em que Ciro rompeu com sua sujeição a Astíage, o medo,
estabelecendo o estado conjunto dos medos e persas. Aquele que o Senhor tomara
pela mão direita (Isaías 45.1) já estava inconscientemente desempenhando o
papel que Deus lhe designara na história, e sem dúvida alguns dos exilados na
Babilônia reconheceram este fato.
Versículo 3: O significado do
carneiro é o advento do império medo-persa
Segundo a interpretação de Daniel, 8.21, os dois chifres representam reis da
Média e da Pérsia, sendo o maior o persa, que dominava sobre a Média. O rápido
progresso de Ciro durante dez anos, de 549 a 539, sugeria um carneiro marrando
todo animal que se lhe opunha. Arremetendo com ímpeto em direção ao ocidente e
ao norte, para dentro da Ásia Menor, ele sobrepujou a Babilônia, somente para
capturá-la mais tarde, tomando as terras a sudoeste e a sudeste.
Versículos 5 a 8: a visão do bode e
do carneiro
Os dois animais referem-se respectivamente aos impérios medo-persa e grego.
Eram dois os chifres do carneiro: um maior que o outro. O maior referia-se a
Ciro, o persa; o menor, a Dario da Média. O carneiro provindo do oriente,
defrontando-se com um bode que vinha do ocidente, deparou-se com um inimigo
mais forte, chegando ao seu fim. O bode representava o império grego, e o
grande chifre Alexandre Magno, o mais célebre conquistador do mundo antigo.
Alexandre Magno, também conhecido como Alexandre o Grande, era filho de Felipe
da Macedônia, o qual fora educado aos pés do sábio Aristóteles. Ele nasceu na
Macedônia em 365 a.C., possuía inteligência avançada para o seu tempo, e foi
comandante perspicaz das milícias gregas, humilhou o império medo-persa sem
compaixão, quebrou os dois chifres do carneiro, por volta de 331 a.C., sendo
depois também quebrado ainda quando forte, morreu prematuramente de maneira
misteriosa com a idade de 43 anos, no ano 323 a.C - e assim cumpriu-se a
profecia que Deus deu a Daniel cerca de 200 anos antes do fato ocorrer.
A continuação da visão mostra quatro chifres notáveis substituindo o chifre
quebrado, esses quatro chifres representam quatro generais que após a morte de
Alexandre o Grande assumiram o governo grego, repartindo entre si o império do
seu predecessor, cada um uma parte do que lhe coube, isto é, Macedônia, Ásia
Menor, Síria-Babilônia, e Egito.
O versículo 9: o protótipo do Anticristo
O texto nos informa que dos quatro chifres surgiu um chifre menor. Este,
refere-se a Antioco Epifanes, o rei da Dinastia Selêucida, que governou a Síria
entre 174 e 164 a.C.
Diz o relato profético que "por ele foi tirado o sacrifício
contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra". Isto é,
ele impediu que os judeus realizassem os sacrifícios diários, da manhã e da
tarde, conforme perscritos em Êxodo 29.38-42. A palavra "lugar" é
reservada para a "habitação de Deus" e o Templo (1 Reis 8.30; 2
Crônicas 6,20). O ataque ao lugar de culto a Deus é um ataque ao próprio Deus.
Devido a intensa crueldade e ignomínia de Antioco Epifanes, muitos estudiosos
das Escrituras Sagradas o consideram como um tipo de Anticristo. Porém,
enquadrá-lo como a personificação do Anticristo mencionado no Novo Testamento é
apenas especulação. Contudo, o capítulo 8 do Livro de Daniel aponta para
"o tempo do fim", refere-se à uma época escatológica, nos fazendo
entender que a mensagem tem dupla referência profética. A conduta cruel e
destrutiva de Antioco contra Israel no passado, representa perfeitamente a
figura de um governante que surgirá no futuro, o Anticristo, que promoverá
muitos males contra os israelitas e contra o restante da população mundial.
O espírito do Anticristo já opera no mundo. Entretanto, o povo de Deus deve se
alegrar porque o nosso Senhor se relaciona com seus servos através do Espírito
Santo. O povo escolhido é o conjunto de membros da Igreja de Cristo e
pessoas, revestidas das armaduras celestiais, são selecionadas para
anunciar o plano da salvação a este mundo que desconhece Jesus Cristo.
Conclusão
Quando teve esta visão, o profeta tinha por volta de 90 anos de idade.
Naturalmente, sua força física e emocional era fraca devido aos anos vividos, e
ao deixar o estado de êxtase espiritual e passar ao natural, não tinha forças
para permanecer em pé. O conteúdo do que viu lhe tirou as forças físicas
por algum tempo, impedindo que ele fizesse as coisas mais básicas (conferir
versículos 11, 12, 27). Algo semelhante aconteceu com João na ilha de Patmos.
Apesar disso, Daniel permaneceu lúcido e guardou segredo da revelação recebida,
conforme orientação divina.
Para ninguém mais foi revelado o futuro como foi revelado ao profeta Daniel.
Por Eliseu Antonio Gomes