segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O purgatório existe?



Nenhuma doutrina inventada pela Igreja Católica é tão ferrenhamente contra a validade do sacrifício vicário de Cristo Jesus e o valor de seu sangue derramado na cruz do que a doutrina do purgatório, segundo a qual pessoas salvas, mas não totalmente purificadas, passam por um local de purificação, onde são punidas com fogo, para depois entrarem no Céu felizes da vida. 

Mas será que o sangue de Jesus não é suficiente para purificar totalmente os salvos? João nos responde essa, dizendo:

“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado (1ª João 1:7)

Se o sangue de Jesus nos basta para nos purificar de todo pecado, então não há qualquer necessidade de sobrar algum pecado para ser purgado no purgatório. Por que o purgatório conseguiria algo que o sangue de Jesus supostamente não teria sido capaz de operar na vida de alguém? Temos que sempre lembrar que, para o catolicismo, o purgatório é um local reservado a pessoas salvas, mas não totalmente purificadas.

Mas temos uma incoerência aqui. Se a pessoa é salva, já presume-se por si mesmo que ela já está purificada, pois o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado, e o salvo é lavado e coberto com o sangue de Jesus! Portanto, ou a Igreja Católica pensa que o sangue de Jesus é insuficiente para perdoar e purificar todos os pecados (de modo que ainda precisamos passar pelo purgatório antes de entrar no Céu), ou ela pensa que existe alguém salvo que não é lavado e coberto com o sangue de Cristo!

De qualquer forma, a teologia católica se vê em apuros. Eles sugerem o texto de 1ª João 5:16-17 para sustentarem sua tese de que existem pecados a serem purgados no purgatório. Isso tanto não é verdade, que o texto diz claramente sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo, que é um pecado que não se tem perdão (e, portanto, seria inútil passar pelo purgatório para purificar alguém de algo que não se pode purificar!).

Se não fosse por isso, João não teria dito para não orarmos pela pessoa que cometeu este pecado. Ora, a Igreja Católica incentiva que se orem pelas almas do purgatório. Portanto, essa passagem não tem absolutamente nada a ver com o purgatório, ou senão a própria doutrina católica deveria ser reformulada.

Outro texto usado por eles se encontra em 1ª Coríntios 3:15, que diz que “se obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1Co.3:15). Eles tiram essa passagem do contexto e dizem que este “fogo” é o fogo do purgatório. Porém, em primeiro lugar, esta passagem está se referindo ao grande Dia do Juízo Final, como aponta o seu próprio contexto (v.13), e este dia não aconteceu ainda, mas está para acontecer quando Jesus voltar e os mortos ressuscitarem (2Tm.4:1; At.17:31). Portanto, esta passagem não pode ser referência ao purgatório.

Também vemos, em segundo lugar, que Paulo escreve que seria salvo como pelo fogo”, e não “pelo fogo”. Esta leve distinção faz toda a diferença. Se ele tivesse dito “pelo fogo”, daria a ideia de algo mais literal. Mas, como ele diz comopelo fogo”, este “como”mostra que ele está fazendo uma analogia, uma comparação, dizendo que a dificuldade que tal pessoa teria de salvar-se é “como” (comparada) a alguém que passa pelo fogo.

Em outras palavras, ela se salvará por tão pouco que será como se tivesse passado pelo fogo. É algo semelhante à expressão que usamos nos dias de hoje: “foi salvo por um triz”! Portanto, a passagem não faz absolutamente nenhuma alusão à lenda do purgatório, que jamais foi desenvolvida ou sequer imaginada por Paulo.

Vale ressaltar ainda que Paulo afirmou que quem pratica “as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus(Gl.5:20-21). Ele afirma que as pessoas que cometem estes pecados – a maioria dos quais considerados “veniais” – não herdarão o reino de Deus.

A Igreja Católica, ao contrário, faz de tudo para mandar tais pessoas para o Céu através do purgatório. Ou seja: os pecados menores que Paulo afirma que as pessoas que os praticam não entrarão no reino de Deus, a Igreja Católica manda com facilidade tais pessoas ao Paraíso, se tão somente passarem pelo purgatório!

O fato é que, se a pessoa passar por um sincero arrependimento dos seus pecados e consequente mudança de vida, ela será lavada e coberta com o sangue de Jesus e será perdoada de todo pecado, sem precisar passar pelo purgatório. Mas, se alguém pratica pecados considerados mais “leves” e não se arrepende deles, tal pessoa não entrará no reino de Deus de forma alguma.

A Igreja Católica muda e altera este quadro. Para ela, há pessoas que não foram purificadas pelo sangue de Cristo, mas são purificadas pelo fogo do purgatório, assim como as pessoas que morreram com pecados veniais podem ir para o Céu depois de fazerem uma visitinha ao purgatório. Ou seja, distorcem completamente o evangelho bíblico!

Biblicamente, só existem dois caminhos: Vida ou Morte, Salvação ou Condenação, Céu ou Inferno. Mas a Igreja Católica sempre trata de adicionar um meio-termo em todos estes, sem qualquer fundamento bíblico sério, mas somente com passagens isoladas e distorcidas, manipuladas sem qualquer exegese e tirando-as fora de seu devido contexto.

Para alcançarmos a vida, o pecador (não importa o nível de gravidade de seu pecado) tem que necessariamente passar por uma coisa que a Bíblia chama de “arrependimento”. É preciso nos arrepender para herdarmos o reino de Deus (Mt.3:2; 4:17; At.3:19,38). Mas a Igreja Católica corrompe e aniquila o significado e a necessidade do arrependimento, ao dizer que o purgatório é para pessoas que pecaram mas não se arrependeram, nem deram satisfação sobre seus pecados:

“As que, tendo sido formalmente culpadas de pecados maiores, não deram plena satisfação deles a justiça divina (Papa Pio IV, A Base da Doutrina Católica contida na Profissão de Fé)

A pessoa que não dá satisfação a Deus acerca de seus pecados é alguém que não se arrependeu deles. Tal pessoa, que peca e não se arrepende, jamais herdará o reino de Deus, não importa o tamanho ou gravidade de seu pecado (Ap.22:15; Gl.5;19-21). O arrependimento é sempre um precedente necessário e indispensável para a salvação (Mt.4:17; At.2:38; At.3:19; Mt.3:2). Com isso, o catolicismo dispensa aos seus fieis a necessidade do arrependimento verdadeiro, fazendo aquilo que Satanás mais quer.

Ela ensina que, mesmo se não se arrepender dos pecados veniais, é só passar pelo purgatório que você chega ao Céu de qualquer jeito – queimado ou não, mas chega lá! Jesus, por outro lado, nos informa que é necessário nos arrepender, pois é chegado o reino de Deus (Mt.4:17). Paulo afirma que tais pecados veniais, se não tiverem passado pelo arrependimento, são suficientes para excluir qualquer pessoa do reino de Deus (Ap.22:15; Gl.5;19-21).

Portanto, você tem duas opções: viver a vida desleixada que você quiser levar e só se preocupar com os “pecadões”, mas nem precisa se preocupar com os pecados veniais, porque disso o purgatório cuida; ou, então, se arrepender, e se humilhar, e orar, e buscar a face de Deus, e se converter dos seus maus caminhos. Então, Ele ouvirá sua voz dos céus, perdoará os seus pecados, e sarará sua terra.

Por Cristo e por Seu Reino,

Lucas Banzoli (apologiacrista.com)