Infelizmente,
as pessoas têm difundido alguns mitos sobre o suicídio que carecem
de base bíblica e que têm trazido tortura a diversas famílias.
Muitos afirmam que “o suicida está perdido”. Porém, não podem
basear afirmação tão infeliz nas Escrituras. Sansão se encontra
na “Galeria dos Heróis da Fé” (Hb 11:32), mesmo tendo tirado a
própria vida quando matou aos filisteus:
“E
disse: Morra
eu com
os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os
príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que
matou na sua morte do que os que matara na sua vida” (Jz
16:30).
Isso
demonstra que nem todos os casos de suicídio levarão a pessoa à
perdição eterna. Imagine alguém que amou a Jesus durante toda a
vida e teve um desequilíbrio químico-cerebral, que o (a) levou ao
suicídio por causa de uma depressão grave, ou até mesmo devido a
um efeito
colateral da
medicação (que, na boa intenção do médico, estava sendo
ministrada para ajudar a pessoa deprimida!)
Agora
imagine Deus, o amoroso (1Jo 4:8, 16) e “justo juiz” (Gn 18:25),
desconsiderando
toda uma vida de amizade com esse filho (ou filha) que
adoeceu, e decidindo condená-lo (a) à perdição eterna por causa
do suicídio. Isso negaria Seu amor eterno (Jr 31:3); Sua graça, que
é maior que o homicídio (Rm 5:20) e o ensino bíblico de que o
juízo é pelas obras,
no plural (Mt 16:27; Ap 22:12), e não por obra,
no singular. Nos dois textos supracitados, a Bíblia ensina que Deus
não julga o ser humano por atos
isolados,
mas sim que Ele considera a vida como
um todo.
Com
segurança podemos afirmar que, se Deus perdoou a Davi por seus
muitos (1Cr 22:8; 28:3) e mesmo assim o perdoou, considerando-o
um homem “segundo seu coração” (At 13:22); se fez questão de
colocar a Sansão entre os “Heróis da Fé”, Ele pode perdoar ao
suicida que amou a Jesus e que adoeceu por circunstâncias de um
mundo de pecado. Nenhum de nós está livre disso…
Porém,
a presente resposta não tem o objetivo de considerar aqueles casos
em que a pessoa tira a própria vida pela falta de fé em Deus diante
de um problema aparentemente sem solução. Esse é um caso
completamente diferente, e não me atrevo nem mesmo a conjecturar a
respeito (cf. Dt 29:29).
Além
disso, como podemos ter a certeza de que alguém realmente tirou a
própria vida porque lhe faltou a confiança em Deus no momento de
desespero? Não sejamos “juízes” (Mt 7:1, 2). Somos muito
falhos, limitados (e falsos) para exercermos tal função. Somente
Deus, que sabe todas as coisas (Is 46:10), tem condições de avaliar
plenamente o que se passa na mente de um suicida porque “o SENHOR
não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o
coração” (1Sm 16:7).
Sejamos
misericordiosos e bondosos em nossas palavras. Levemos esperança às
famílias que perderam parentes por causa do suicídio, e jamais
deixemos pairar qualquer sombra de dúvidas na mente daqueles que
ficaram, fazendo-os pensar que “nunca mais verão” aqueles que
tanto amam:
“Não
digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras
boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que
necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que
ouvem.” (Ef
4:29, Nova Tradução Na Linguagem de Hoje)
“A
vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
saberdes como deveis responder a cada um.” (Cl
4:6).
Postado por Leandro Quadros