Hebreus 1.4-14; 2.1-3 4 – Feito
tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que
eles. 5 – Porque a
qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu
lhe serei por Pai, e ele me será por Filho? 6 – E, quando outra vez introduz no mundo o
Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. 7 – E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos
faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo. 8 – Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono
subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino. 9 – Amaste a justiça e
aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu como óleo da
alegria, mais do que a teus companheiros. 10 – E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a
terra, e os céus são obras de tuas mãos; 11 – eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos
eles, como roupa, envelhecerão, 12 – e, como um manto, os enrolarás, e, como uma
veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. 13 – E a qual dos anjos disse
jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo
de teus pés? 14 – Não são,
porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor
daqueles que hão de herdar a salvação?
Hebreus 2.1-3 1 – Portanto,
convém-nos atentar, com mais diligencia, para as coisas que já temos ouvido,
para que, em tempo algum, nos desviemos delas. 2 – Porque, se a palavra falada pelos anjos
permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3 – como escaparemos nós, se
não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada
pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram”.
INTRODUÇÃO: Na Antiga Aliança, os
anjos eram muito considerados. Na epístola aos Hebreus, o escritor ressalta, de
modo enfático, a superioridade de Cristo em relação aos seres angelicais e, ao
mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar, fez-se “um pouco menor que os
anjos” (Hb 2.9). Nesta
lição, estudaremos alguns aspectos importantes dessa superioridade, entendendo
esse paradoxo numa análise exegética simples.
I. MAIS EXCELENTE EM SUA NATUREZA E NO SEU NOME
1. Os anjos na Bíblia. Os anjos
tiveram papel muito importante entre o povo de Deus no Antigo Testamento. (Ver
Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2; 23.20; Sl 103.20). No Novo, não foi diferente. Um
anjo apareceu a José, revelando o nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra
do sepulcro de Jesus, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira idolatria em torno
desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos domine a seu
bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18).
Outras
referências demonstram claramente a ação dos anjos, não só em favor de Israel,
mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf. Sl 34.7).
2. A natureza dos anjos (vv. 7.14). O texto bíblico nos revela alguns aspectos relativos à
natureza dos anjos. No v. 7, lemos que Deus “de seus anjos faz ventos, e de
seus ministros labaredas de fogo”. É uma citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por Deus
segundo a sua vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito
aquém da natureza e das funções do Filho de Deus. Por maiores que sejam os
anjos, em comparação com Cristo são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo.
Eles são criaturas. Jesus é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v. 14, os anjos
são chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles
que hão de herdar a salvação”.
II. A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO AOS ANJOS
1. Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai. No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais:
Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me
será por Filho?”. Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que Cristo
é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se
a Salmos 7.2, que diz:
“Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”.
Essa questão é realmente difícil de entender. Sendo Deus, em que sentido Jesus
poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e ministério da sua
encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas
terrenas.
2. O Filho pela ressurreição. O
escritor Lucas, no Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa
que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a
Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te
gerei” (At 13.32-33). Sem
ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo publicamente,
como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de
Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos
– Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4).
De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado,
ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm
1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc.
3. O Filho deve ser adorado pelos anjos (v. 6). “E quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz:
E todos os anjos de Deus o adorem”; “...por isso lhe darei o lugar de
primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra” (Sl 89.26, 27).
4. Jesus está à direita de Deus (v. 13). Esta é a posição de honra, dada somente a Cristo, e a ninguém
mais: “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha
a teus inimigos por escabelo de teus pés?”. Estevão, quando estava sendo
martirizado, contemplou Jesus à direita de Deus (cf. At 7.55).
5. Jesus é Rei, Messias e Criador. No v. 8, lemos: “Mas do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste
pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino”. Aqui o
Filho é chamado Deus, como de fato Ele o é, além de ser também Rei, cujo cetro
(símbolo da autoridade real) é de retidão. Os anjos não têm poder de reino ou
soberania. Nos vv. 9-12, vemos que Jesus é apresentado como o Ungido, o
Messias, e, ao mesmo tempo, como Aquele de quem a terra e “os céus são obra” de
suas mãos. O v. 13 prossegue exaltando a superioridade de Cristo como o
vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés.
III. A GRANDE SALVAÇÃO EM JESUS
1. Advertência contra o desvio (v. 1-3). Depois de apresentar o quadro da superioridade de Cristo
em relação aos anjos, o escritor aos Hebreus é levado a advertir os
destinatários da carta (e a nós, também), quanto “às coisas que já temos
ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas”
(v. 1). E
explica que, se “a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a
transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”, indaga solenemente:
“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...?” (v.
3). Esta salvação, trazida por Jesus Cristo, não foi efetivada por meras
palavras, e sim, autenticada por Deus, por meio de “sinais e milagres, e várias
maravilhas e dons do Espírito Santo...” (v. 4). Quem se desvia da sua fé em
Cristo, corre o risco de perder-se para sempre (v. 3).
2. Jesus, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9). Esse é um aparente paradoxo encontrado na carta aos
Hebreus, relacionado à encarnação de Cristo. “Vemos, porém, coroado de glória e
de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa
da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”.
A dedução é simples, Jesus, feito homem, despojou-se voluntariamente de parte
de seus atributos, e sujeitou-se a morrer, na cruz, para que “provasse a morte
por todos”. Nessa condição, em sua natureza humana, tornou-se “um pouco menor
que os anjos”. Se não fosse assim, a sua natureza divina não o permitiria
morrer, pois Deus não morre.
IV. JESUS, O FIEL SUMO SACERDOTE (2.9-18)
1. Tudo existe em função dEle (v. 10a). Para Jesus são todas as coisas, visto que elas existem por
Ele e para Ele (Cl 1.16). E assim é,
para que Ele traga “os filhos à glória”, e, pelas aflições, se tornasse “o
príncipe da salvação deles” (v. 10b). Os filhos, ou seja, os que o receberam,
deu-lhes o poder (o direito) de serem feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), e são chamados por Cristo
de “irmãos”
(v. 11). É
sublime a declaração de Cristo, em relação aos que são salvos por Ele. No v.
13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu”. Esses são
livres do “império da morte, isto é, do Diabo” (v. 14), e da servidão (v. 15).
2. Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v. 17). Para poder cumprir sua missão salvadora, Jesus, “em forma
de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo,
tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, e, achado na forma
de homem, humilhou-se até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os anjos”,
entregou-se a Deus para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados do povo
(v. 17).
3. Em tudo foi tentado (v. 18). Em
sua condição humana, Jesus, o Filho do Homem, suportou a tentação, “para
socorrer aos que são tentados”. Esta é uma afirmação consoladora para nós, os
crentes, que durante a caminhada na Terra, somos acossados e ameaçados por
várias tentações. Nosso Deus, Jesus, não foi em sua missão um deus alienado dos
seus adoradores e fiéis, como prega o deísmo. Pelo contrário, Ele se colocou no
meio dos pecadores e, como eles, foi tentado até à cruz para lhes dar vitória
sobre as tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em tudo foi tentado, mas sem
pecado” (Hb 4.15). Glória a Deus, por isso!
A superioridade
de cristo em relação aos anjos excede em muito a idéia distorcida, e difundida
entre os incrédulos, de que os seres angelicais têm papel místico, a ponto de serem
venerados ou mesmo adorados pelos adeptos das falsas doutrinas.
Pr.
Elias Ribas
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