segunda-feira, 11 de novembro de 2013

DEUS EM TRÊS PESSOAS: A TRINDADE (PARTE V)






4. Todas as analogias têm falhas

Se não podemos adotar nenhuma dessas soluções simplistas, então como juntar as três verdades bíblicas para assim sustentar a doutrina da Trindade? As pessoas já usaram várias analogias retiradas da natureza ou da experiência humana para tentar explicar essa doutrina. Embora tais analogias sejam úteis num nível elementar de compreensão, todas elas se revelam inadequadas ou ilusórias numa reflexão mais aprofundada. Dizer, por exemplo, que Deus é como um trevo de três folhas, que mesmo tendo três partes é apenas um trevo, não é satisfatório, pois cada folha apenas faz parte do trevo, e não se pode dizer que nenhuma das folhas é todo o trevo. Mas na Trindade, cada uma das pessoas não é apenas uma parte separada de Deus, mas plenamente Deus. Além disso, a folha de um trevo é impessoal e não tem, portanto, personalidade distinta e complexa como cada pessoa da Trindade.
Outros já usaram a analogia das três partes de uma árvore: raiz, tronco e ramos constituem uma só arvore. Mas surge um problema semelhante, pois se trata somente de partes de uma árvore, e não se pode dizer que nenhuma dessas partes é a árvore inteira. Além do mais, nessa analogia as partes têm propriedades distintas, diferentemente das pessoas da Trindade, que possuem todos os atributos de Deus em igual medida. E a ausência de personalidade em cada uma das partes é outra deficiência.
A analogia das três formas de água (vapor, água e gelo) é também inadequada, por que: (a) nenhuma quantidade de água jamais é ao mesmo tempo todas as três formas, (b) as três formas têm propriedades ou características diferentes, (c) a analogia nada tem que corresponda ao fato de existir somente um Deus (mas existe algo como "uma só água" ou "toda a água do universo") e (d) falta o elemento da personalidade inteligente.
Outras analogias foram derivadas da experiência humana. Poder-se-ia dizer que a Trindade é como um homem que é ao mesmo tempo fazendeiro, prefeito da sua cidade e presbítero da sua igreja. Ele desempenha papéis diferentes em momentos distintos, mas é um só homem. Porém, essa analogia é bastante falha, pois só uma pessoa executa essas três atividades em momento diferentes, e o modalismo não contempla a relação pessoal entre os membros da Trindade. (Na verdade, essa analogia simples ensina a heresia chamada modalismo, discutida abaixo.)
Outra analogia retirada da vida humana é a união entre intelecto, emoções e vontade numa pessoa. Embora seja componente de uma personalidade, nenhum desses fatores constitui a pessoa inteira. E as partes não são de características idênticas, mas têm capacidades distintas.
Então que analogia usar para explicar a Trindade? Embora a Bíblia use muitas analogias derivadas da natureza e da vida para nos ensinar aspectos diversos do caráter de Deus (Deus é como uma rocha na sua fidelidade, como um pastor no seu cuidado, etc.), são interessantes notar que nenhum trecho das Escrituras se acha alguma analogia que explique a doutrina da Trindade. O mais próximo que chegamos de uma analogia se encontra nos próprios títulos "Pai" e "Filho", títulos que nitidamente dizem respeito a pessoas distintas e à íntima relação que existe entre os dois numa família. Mas no plano humano, logicamente, temos dois seres totalmente distintos, nenhum deles formado de três pessoas distintas. É melhor concluir que nenhuma analogia explica adequadamente a Trindade, que todas são ilusórias em aspectos importantes.



5. Deus existe eterna e necessariamente como Trindade



Quando o universo foi criado, Deus Pai proferiu as potentes palavras criadoras que o gerarem; Deus Filho foi o agente divino que executou essas palavras (Jo 1.3; 1 Co 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2) e o Espírito de Deus "pairava por sobre as águas" (Gn 1.2). Então é como seria de esperar: se os três membros da Trindade são iguais e plenamente divinos, então todos eles existiram desde a eternidade, e Deus sempre existiu eternamente como Trindade (cf. também Jo 17.5,24). Além disso, Deus não pode ser diferente do que é, pois é imutável. Portanto, parece correto concluir que Deus existe necessariamente como Trindade - não pode ser diferente do que é.


Postado pelo Pastor Augustus Nicodemus Lopes




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