Por
que despertamos o ódio de tanta gente quando expomos a Verdade em
contraposição dos métodos e estratégias usadas pela igreja
atual? Basta um artigo sobre assuntos polêmicos como o G12, a
Teologia da Prosperidade, e outros, para que o ânimo de alguns que se dizem
irmãos se altere. Quando comentam em nossos artigos, em vez de
exporem seus pensamentos com base nas Escrituras, preferem os ataques pessoais,
tentando minar nossa credibilidade e pôr em xeque nossas motivações.
Por
incrível que pareça, este não é um fenômeno recente. A igreja primitiva
teve que lidar com as mesmas reações, ora por parte dos judeus, ora por parte
dos gentios.
Um
episódio que pode atestar o que estamos afirmando é o que lemos em Atos
19, e que nos mostra o efeito causado pela atuação do ministério de Paulo em
Éfeso. À medida que as pessoas iam se convertendo à Fé, elas
abandonavam suas superstições e crendices. O texto diz que “muitos dos
que tinham praticado artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na
presença de todos” (v.19). Até aí, tudo bem. Cada um faz o que quer
com o que é seu. Quer rasgar, queimar, quebrar, dar fim, o problema é dele. Mas
alguém que assistia resolveu calcular o prejuízo: “Feita a conta do seu
preço, acharam que montava a cinqüenta mil moedas de prata”. Uau! Se
Judas traiu Jesus por trinta moedas de prata, e isso já era uma quanta
considerável, imagine o que representava uma quantia tão vultosa: cinqüenta mil
moedas de prata!
Pra
se ter uma idéia do montante, as trinta moedas recebidas por Judas
foram suficientes para adquirir um campo. Isso significa que as 50 mil moedas
de prata daria pra comprar cerca de 1666 campos! Tudo isso em livros.
O mercado editorial de Éfeso entrou em colapso. Aquelas pessoas que dispuseram
seus livros para a fogueira, jamais voltariam a consumir tal literatura.
Devemos estar
cientes que a pregação do genuíno Evangelho sempre fere interesses. Alguém
vai ter que arcar com o prejuízo.
Não
bastasse a quebra do mercado editorial, sobrou também para a indústria religiosa. O
texto diz que “por esse tempo houve um não pequeno alvoroço acerca
do Caminho. Certo ourives, por nome Demétrio, que fazia de prata miniaturas do
templo de Diana, dava não pouco lucro aos artífices. Ele os ajuntou, bem como
os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta
indústria vem a nossa prosperidade. E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso,
mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande
multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos. Não somente
há perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também que o próprio
templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a
majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram” (At.19:23-27).
Em
outras palavras, a mensagem pregada por Paulo doía no bolso e ainda
maculava a reputação deles, colocando-os em descrédito perante a opinião
popular. Portanto era uma questão que envolvia dinheiro e reputação,
avareza e vaidade. Para disfarçar, eles alegavam que Diana, sua deusa, estava
sendo ultrajada, dando assim um ar de piedade religiosa às suas
reivindicações. Foi o suficiente para que houvesse uma manifestação
popular. – Grande é Diana dos Efésios! Bradava a turba.
No
fundo, no fundo, o que os incomodava não era o culto à deusa. Se o templo
de Diana fosse reputado em nada, o que fariam os que viviam da venda de
miniaturas dele? Imagine se convencêssemos as pessoas que a Arca da Aliança
(tão em voga no meio evangélico hoje em dia) não passava de uma figura de
Cristo, e que já não serve pra nada. O que fariam os pastores que distribuem
miniaturas da Arca por uma oferta módica de 100 reais?
O
que seria daquela cidade se o culto a Diana foi exterminado? E os milhares
de romeiros que vinham de todas as partes do mundo para ver de perto da imagem
que, segundo o dogma, havia caído de Júpiter?
A
pregação do Evangelho causou tamanho impacto que bagunçou o coreto daquela
sociedade. Todos os esquemas foram desarmados. Era como se a correia dentada do
motor que a mantinha em movimento se arrebentasse. De repente, todas as
engrenagens pararam.
Alguma providência
tinha que ser tomada! Tomaram dois dos companheiros de Paulo e os
levaram ao teatro para apresentá-los à turba enfurecida. Paulo quis se
apresentar, mas foi dissuadido por algumas autoridades que lhe eram
simpáticas. No meio do tumulto, “uns clamavam de uma maneira,
outros de outra, porque o ajuntamento era confuso. A maioria não sabia por que
se tinha reunido”(v.32). Eis o retrato fiel de um povo “Maria-vai-com-as-outras”,
que só serve de massa de manobra nas mãos dos poderosos. A
maioria sequer sabia o que estava acontecendo. Mas não hesitavam em unir
suas vozes aos demais em protesto gratuito e desprovido de sentido.
Quando Alexandre
se apresentou diante do povo, acenando com a mão como quem queria apresentar
uma defesa, “todos unanimemente levantaram a voz, clamando por quase
duas horas: Grande é a Diana dos Efésios!” (v.34). Repare nisso: Diana
era considerada deusa em todo o império romano. Mas em Éfeso, seu culto tomou
um vulto inédito. Ela não era apenas “Diana”, e sim “Diana dos Efésios”. Algo
parecido com o apego que muita gente tem à sua denominação. Cristo deixa de ser
Cristo, para ser o “Cristo dos Batistas”, o “Cristo
dos Presbiterianos”, o “Cristo dos Pentecostais”, o "Cristo
dos Católicos", e assim por diante.
Finalmente, o
escrivão da cidade (provavelmente um figurão da sociedade efésia), conseguiu
apaziguar a multidão, dizendo: “Efésios, quem é que não sabe que a
cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem
que caiu de Júpiter? Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que vos
aquieteis e nada façais precipitadamente” (vv.35-36).
Para
tentar controlar o manifesto, o tal escrivão apelou ao dogma
religioso. Dogma é aquilo que não se pode contestar. É tabu. Está
acima do bem e do mal. Por isso, não se discute. É isso e tá acabado. A
igreja evangélica também tem seus dogmas. Ninguém se dá o trabalho
bereiano de averiguar se o que está sendo pregado bate ou não com as
Escrituras. Se o líder falou, está dito. E se alguém se atreve a
questionar, é logo taxado de herege, e acusado de estar tocando no ungido do
Senhor.
Alguém
viu quando a estátua caiu de Júpiter? De onde provinha tal certeza? Quem
anunciou o fato Provavelmente foram os sacerdotes do templo de Júpiter, que
queriam atrair o público de volta ao templo a qualquer custo.
Há
uma indústria religiosa que se alimenta de mentiras, de dogmas
inquestionáveis, e de superstições baratas.
É esta
indústria que corre o risco de quebrar se a verdade do Evangelho for anunciada,
e suas mentiras desmascaradas.
Os
fiéis não passam de papagaios de pirata, repetindo o que ouvem
sem ao menos refletir. Se dissermos que não há mais maldição a ser
quebrada, o que será daqueles cuja prosperidade advém desta mentira? Como
poderão cobrar para que as pessoas participem de um Encontro num sítio, a fim
de que vejam a Deus cara a cara, e assim, sejam libertas de suas maldições?
Veja: compromissos
são feitos em cima desses argumentos chulos. A prestação da propriedade
adquirida pela igreja. O programa de rádio. O material de propaganda. O salário
do pastor. Tudo isso tem que ser garantido pelo esquema montado. É um ciclo
retro-alimentado. Se alguém chega pregando algo que contrarie o esquema, é logo
taxado de herege, falso profeta, etc., pois interrompe o ciclo, produzindo um
colapso na estrutura.
É isto que
o Evangelho faz! Todas as estruturas injustas entram em colapso, para que um
novo sistema, com engrenagens justas, se erga, tendo como centro o Trono da
Graça de Deus.
Acorde, povo
de Deus! Voltemos para as Escrituras! Abandonemos a mentira, o argumento falso,
o estelionato, e voltemos à prática do primeiro amor. Caso contrário, Deus nos
julgará, e reduzirá nossa indústria religiosa (que chamamos carinhosamente de
“igreja”) aos escombros.
Não
ficará pedra sobre pedra!
Postado por Hermes C. Fernandes
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